"Em tudo o que a Natureza opera, nada o faz por acaso"
Interessante frase, não? Mais interessante é tentar perceber a razão pela qual a citei, algo que nem eu nem niguém vai perceber.
Melhor mesmo é contextualizar o meu estado de graça: acabo de chegar a casa e sirvo-me das cervejas fresquinhas que estavam no meu frigorífico. Um estimado amigo meu, de nome Valter, acreditou, na sua inocência, que seria possível deixar as suas cervejas em minha casa sem que fossem consumidas de imediato. Pois então aproveito apenas para o informar que já não me deve o dinheiro das mesmas.
Falemos de coisas interessantes. Falemos daquelas coisas que as mentes sem filtro de censura costumam falar. Falemos daquelas coisas tão vulgares no nosso quotidiano que nem merecem a honra de serem pensadas.
3... 2... 1...
Todos nós temos amigos!! (aplausos!!) Todos nós temos amigos...
Temos os grandes amigos!!Temos aqueles parceiros de sempre, que não se importam de aturar as nossas "neuras" (uso o termo "neuras" para descrever aquele estado de espírito no qual nada está bem, mas como uso certas expressões meio estrangeiras no meio em que estou, prefiro clarificá-las de imediato), que dão um ou os dois braços para nos ajudar num caso de necessidade e que, para além de tudo isso, preenchem toda a componente... lúdica!, chamemos-lhe assim. Estão connosco nas festas, são os primeiros a cumprimentar-nos quando chegamos a qualquer lado, enfim, a nossa cara-metade que não pensa em nos levar para a cama.
Temos os amigos de ocasião. Não menos importantes que os grandes amigos!! Todos precisamos de amigos de ocasião, aqueles que preenchem o vazio entre o tédio de ver sempre os grandes amigos à frente e os momentos em que estamos sozinhos. Com eles falamos dos assuntos triviais, que nem de longe tocam o nosso íntimo e que servem única e exclusivamente para passarmos um bom momento de convívio.
Temos os inimigos. Esses não mercem mais que três palavras: que se fod*m!
Temos os desconhecidos. Esses apenas representam uns milhares de milhões de pessoas com as quais nunca interagimos.
E temos... agora sim, TEMOS (rufo na orquestra, suspense na plateia...) OS AMIGOS DE ELEVADOR!!
Todos nós já passamos por isto e eu, no meu modesto T1 num terceiro andar convivo com esta realidade todos os dias: entro num elevador tosco e normalmente mal lavado, juntamente com um sujeito que vive tão perto de mim que nem o conheço. Carrego num botão com o número três e pergunto "para onde vai?". O sujeito, normalmente carrancudo, nada me diz e carrega no andar correspondente ao seu apartamento. Depois disto é muito fácil. Apenas me passam estes pensamentos pela cabeça "0 - pois, cá estamos, não é...? Se calhar é melhor não dizer isto. Que ridículo... ; 1 - será que vale a pena começar conversa? Só estou eu e ele, parece que nem temos boca para falar... ; 2 - Deixa estar, também já estou quase a chegar. Foi um momemnto estúpido, mas ele também não fez melhor...; 3 - Cheguei! Que bom, adeus momento constrangedor...".
E ficamos por aqui. O que é certo é que, a partir daquele momento ganhamos um amigo de elevador! Sim, deixou de ser desconhecido... Não acontece com todos mas acontece com a maioria: a partir daquele momento, sempre que encontramos a sujeito que esteve connoosco no elevador, sentimo-nos como que obrigados a esboçar um tímido sorriso e dizer "bom-dia" (ainda que no meu vocabulário só exista o "boa-tarde" e o "boa-noite", por razões que um dia explicarei. Aliás explico já: eu tenho uma relação tão profunda com a minha almofada que só quero tê-la junto a mim durante toda a manhã, acordar com ela ao meu lado e dizer o quanto a amo). Ora, como já não podemos incluir os nossos conhecidos no elevador nos "desconhecidos", mas também não os podemos considerar sequer "amigos de ocasião", temos que lavrar neste momento um novo estatuto de amigo, ao qual eu, se me for permitido, chamarei "amigos de elevador".
Os "amigos de elevador" serão todos aqueles que provavelmente nem sequer o nosso nome sabem. No entanto sentem-se obrigados, por uma qualquer força que nos transcende, a cumprimentar-nos sempre que passamos por eles. Simples! Até têm uma certa importância para nós: pelo menos fazem-nos sentir reconhecidos na rua ou noutro qualquer sítio em que ninguém nos conhece. Não servem para nada mas, vendo bem, era um bocado chato vivermos sem eles. E agora que penso desta forma, começo a enumerar uma série de "amigos de elevador" que até agora desconhecia. Faz lembrar aquela altura em que definiram Plutão como "Planeta Anão". A partir daí surgiram uma série de novos planetas, pelo simples facto de encaixarem nessa nova definição de "Planeta Anão".
Enfim, a conversa já vai longa e não quero, de todo, deixar esta minha primeira intervenção demasiado extensa. Deixo-vos, portanto, com a definição de "Amigo de Elevador", algo que será tão importante para vós como a pesca do bacalhau no produção de microondas.
Ah, e já agora, espero que tenham gostado desta minha inovação de colocar aplausos e rufos no meio do texto. Eu sei que é estúpido, mas houve um rapaz no Kosovo que se ligou a Internet pela primeira vez e disse "olha que engraçado, este tipo é mesmo original".
Um abraço para ele...
...e façam a barba!
4 comentários:
Mal comecei a ler o texto vi logo que era o meu amigo CAPS a escrever :D ou sera que nao somos mesmo amigos? qual será a nossa definição? :O
sugestão de leitora assídua: mudem o fundo do blog, que por ser texto corrido com letras brancas em fundo preto, parece que estás a ler 5 linhas ao mesmo tempo ;)
Gostava de fazer alguns apontamentos:
1- Sexta feira pagas-me uns copos para compensar as cervejas xD
5- acho que há um leque demasiadamente vasto de amigos para que possam ser categorizados em apenas grandes amigos, de ocasião e conhecidos.
13- muitas vezes os próprios inimigos são aqueles que mais depressa nos mostram a realidade e o mundo como ele é (só temos é que aprender a não confiar neles)
28- normalmente estou-me a cagar para os amigos de elevador, a não ser que sejam pessoas sozinhas, bonitas e do sexo feminino. Caso contrário digo um automático "Olá" e está andar. Mas visto que nunca ando de elevador, é normal que pense dessa forma.
34- discordo profundamente da designação de Plutão... Se é uma palavra composta por aglutinação, derivada das palavras "Planeta" e "Anão", então devia ser "Platão". AH, não! Esse já é o nome de uma celebridade qualquer.. Acho que foi um médico da Idade Média.
39- ...
43- Não percam o próximo episódio "Pães com salsichas e a conveniência das acções"
Os melhores cumprimentos meu amigo CAPS. Tudo de bom e muitos desvarios!
Por uma qualquer razão que jamais compreenderei, na altura em que escrevi este post quis exagerar e passar a ideia que toda a gente com quem andamos de elevador se tornam "amigos de elevador".
Disse que a maioria passa a reconhecer-nos na rua e se sente como que obrigada a cumprimentar-nos. Talvez não seja bem assim... Talvez seja até uma minoria! O que é certo é que é um fenómeno que se verifica em certos casos, e é certo que todos conhecemos pessoas das quais nem o nome sabemos, e esses sim são os nossos "amigos de elevador", mesmo que nunca tenham estado num elevador connosco.
Acerca do comentário do meu amigo Valter, discordo que o nosso leque de amigos seja assim tão vasto que não possa ser categorizado em "grandes amigos" e "amigos de ocasião" (e "amigos de elevador", claro). O que acho é que todos temos tendência para tornar demasiado complexa uma componente tão importante da nossa vida como é a amizade. Mas, na verdade, trata-se de algo tão simples quanto isto. Acho que podemos, isso sim, afirmar que são relações muito dinâmicas e que a fronteira entre "amigos de ocasião" e "grandes amigos" é muito variável e, por essa razão, iludimo-nos e pensamos que existem mais categorias do que as que na realidade existem. E creio que, desta forma, também vou de encontro ao comentário da minha amiga Jé' ;)
Fica assim realçada, mais uma vez, a inutilidade deste post. Aguardemos os próximos espasmos cerebrais estes sujeitos desocupados.
Deixa-me dizer que hoje fiz a barba caro amigo. De facto nunca tinha pensado nestes amigos de elevador, mas realmente eles existem e fazem a sua falta na nossa vida, quem é que não gosta de ser reconhecido na rua por um desconhecido qualquer que certo dia nos acompanhou na pequena viagem de elevador? ou então por alguém que depois de passar tantas vezes por esse alguém na rua, dá-mos por nós a responder bom dia a esse sujeito?
Sempre conveniente meu caro amigo..
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